O meu conceito de fotografia e o modo de funcionamento de uma máquina fotográfica resume-se ao acto de encher até meio uma garrafa com água da chuva... Estranho, não é? Mas vão ver como esta analogia resulta na perfeição.
A objectiva:
A objectiva pode ser comparada ao funil que se encontra no topo da garrafa.
Há dois conceitos relacionados com a objectiva (neste caso o funil), o ângulo de visualização e a abertura.
O Ângulo de Visualização:
Imaginem-se a espreitar por um funil, olhando pelo fundo (a parte mais estreita), apenas conseguimos ver o que a boca (a parte mais larga) permite.
Quanto mais estreita for a boca, maior será o "zoom" que estamos a fornecer à máquina, isto é, vamos mais ao detalhe. Esta maior ou menor abertura da boca do funil tem influência na entrada de luz para a câmara do sensor: maior-mais luz, menor-menos luz.
Posto isto, para encher a garrafa até meio é mais rápido encher com água com um funil com a boca grande do que com um com a boca mais apertada, a luz também assim funciona, entra mais luz para máquina com um ângulo de visualização grande (boca grande) do que com um ângulo pequeno.
Qual a implicação da quantidade de luz? Maior ou menor rapidez na obtenção da fotografia! Para um ângulo de visualização grande será necessário menos tempo para a obtenção da fotografia desejada (um funil com uma boca larga recebe mais água logo, encherá a garrafa até meio mais depressa).
A Abertura:
Podemos estabelecer a analogia entre o fundo do funil e a abertura. Um funil com o fundo largo permite a entrada da água (tal como a luz) com maior rapidez. E o que provoca? A entrada da água para uma garrafa por um funil de fundo largo é desordenada, turbulenta... certo? Pois, com a luz acontece o precisamente o mesmo, as grandes aberturas provocam uma desordem na distribuição da luz, tornando difuso tudo o que estiver fora do objecto focado.
Por analogia inversa temos o funil com fundo estreito, este apenas deixa passar uma determinada quantidade de água, ordenada, um perfeito fio de luz a encher a garrafa. As fotografias tiradas com aberturas muito pequenas serão, garantidamente, de uma perfeição assombrosa.
E a quantidade de luz que a abertura permite entrar? Grandes aberturas, muita luz, desordenada, mas de rápido enchimento da garrafa. Pequenas aberturas, pouca luz mas em perfeita harmonia demorando um pouco mais a encher o receptáculo. Tudo leva o seu tempo para ficar na perfeição... (não quero dizer com isto que as fotos tiradas com aberturas grandes não são qualidade, não! Muito pelo contrário, o sentido que estou a aqui a dar a perfeição apenas se refere ao detalhe que é possível registar numa fotografia).
Passando agora para o corpo da máquina (dentro da garrafa)...
Velocidade de Obturação:
Já falámos da objectiva, vamos agora falar no tempo de disparo, isto é, a velocidade de obturação, a torneirinha que tenho ali para controlar a entrada da água (a torneirinha já está dentro do corpo da máquina! não no funil).
Como o acto de chover num curto espaço de tempo é contínuo, temos que controlar a quantidade entrada de água para a nossa garrafa. Admitindo que o seu enchimento até meio representa uma fotografia equilibrada em termos de luminosidade, temos duas situações diversas:
- O corte da entrada da água antes do enchimento até meio, isto é, uma fotografia mais escura do que seria desejado, diz-se sub-exposta.
- Fui lento na reacção e apenas fechei a torneira após ter ultrapassado o meio enchimento acabando por encher por quase por completo: muita luz, sobre-exposta.
Resta-me falar talvez sobre o conceito mais complicado de explicar na fotografia, o ISO.
O ISO é o filtro que eu usei para depurar a água. Como sabem, a água proveniente da chuva transporta impurezas capturadas durante o seu percurso de descida, assim, convém fazer uma depuração para obter uma água o mais pura possível... Pois o ISO pode ser entendido como isso mesmo, uma filtragem da agua da chuva.
Quanto maior for o espaçamento da malha do filtro maior será a passagem de impurezas, mas também, mais rápida será a passagem água, no entanto a água retida na garrafa não é da melhor qualidade, isto é, obtemos uma fotografia com muito ruído, o vulgarmente chamado de grão.
ISO baixo implica maior tempo para encher a câmara de luz, ou a garrafa, como queiram... pois a malha utilizada é mais apertada. Será, sem dúvida, o caso de uma fotografia de alta qualidade de imagem (em termos de pixeis, entenda-se, :).
As máquinas actuais permitem tratar as variáveis como uma só calculando automaticamente todas as outras oferecendo diversos modos, tais como: prioridade à abertura; prioridade à velocidade; programação, impondo a velocidade ou a abertura; entre muitos outros... sem faltar o automático, que controla todas as variáveis dependendo do ângulo de visualização. Tudo o que expliquei atrás permite trabalhar, tornar-se íntimo, com o modo mais difícil, o modo Manual, onde todas as variáveis são controladas por si. Basta encher a garrafa como lhe der mais prazer!!!
Curioso não é...? Como o encher de uma garrafa tem tanta proximidade com o premir no botão do obturador!!! A hora já é tardia e nem sempre é fácil expressar por palavras os diversos conceitos técnicos aqui expostos, peço desculpa se não tiver sido o suficientemente claro nas explicações. Muito obrigado pela atenção despendida.
1 comentário:
Epahhh ganda maluco...ta muita fixe...abraço
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